
Naquela tarde de segunda feira, foi a primeira vez que eu entrei numa UTI, eu estava morrendo de medo, chovia. Minha irmã tão pequena parecia um gigante de coragem, mas eu sabia que por dentro ela estava estraçalhada e muito mais apavorada do que eu. As visitas tem hora marcada, a sala de espera estava lotada, eu imagina que não estaria, nossa dor era tão grande que eu não admitia que outras pessoas também estivessem passando pela mesma situação, colocamos o nome na lista, o clima era ao mesmo tempo de tristeza e esperança, um olhava para o outro e parecia que pensava, por que será que ele está aqui? o que aconteceu com alguém que ele ama, para estar numa sala de uma UTI? A porta se abriu e as pessoas iam entrando 2 a 2, depois de dar o nome do paciente, quando chegou a nossa vez a enfermeira disse que era para aguardar pois o paciente estava sendo higienizado. Paciente, o nome já diz. aquele que tem paciência e a nossa foi testada até o talo. Acho que paciente é quem espera pra ver, pra ter notícias, paciente éramos nós. A sala quase esvaziou, e nós lá esperando, imaginando que algo errado tinha acontecido e inventaram aquela coisa de banho para enrolar a gente, eu pensei isso, minha irmã também, mas nenhuma das duas falou, o medo era tanto, que a imaginação só piorava as coisas. Enfim falaram o nome dele, e andamos o corredor de mãos dadas até a sala, quando entramos e eu vi "aquele sorriso" mesmo que abatido, apesar do corte imenso, do susto, da cirurgia ele estava ali sorrindo pra gente, falando normal, não enxerguei mais ninguém lá dentro, tinha uma luz azul em cima dele, a voz estava firme, o pesadelo estava virando sonho. A gente não sabe o que dizer nessa hora, eu não me lembro o que eu disse. Me lembro que ele estava preocupado com seu trabalho e me passou, de cor, dois números de telefone para passar notícias. Eu já tinha visto tudo que eu queria, agora sim eu acreditava que tudo tinha corrido bem, que Deus e todos os anjos se uniram para salva-lo e ele estava ali, salvo. Eu já sabia que ele era amado por muitos, eu só não sabia o quanto eu o amava. Meu cunhadão, sempre caladão, sereno, bonachão, um espírito de criança encantador, trata minha irmã de feijão, troca qualquer programa pra jogar com seus filhinhos ou ver jogo do S.Paulo, ama sua profissão de um jeito invejável, acho que depois da família, o rádio é seu maior amor. Não dava pra imaginar a nossa alegria sem ele, mas a gente só sente isso quando acha que pode perder. Nunca falei pra ele o quanto eu admiro tudo que ele é. O quanto tenho orgulho de ser a cunhada do Hovoruski! o quanto ele é fofo e irritantemente inteligente, nunca ganhei no buraco dele jogando com aquele feijão sortudo!, agora vou ter minha chance!! Só que agora é diferente, não vou deixar mais o elogio para amanhã, nem a bronca, nem o carinho e por isso queridão, meu presente de aniversário para vc é publicar para quem quiser ouvir que tenho muita sorte por fazer parte da sua vida. Não sei o nome dos anjos que te salvaram, seus vizinhos, seu médico e quem mais que tenha participado, mas nunca esquecerei deles nas minhas orações. Também não vou esquecer de aproveitar mais sua companhia, de pedir mais conselhos vou te encher a paciência!!! Afinal ainda vamos conviver por muito e muito tempo... Ainda não sei qual foi o alerta que Deus quis te dar, mas sei que um dia vc saberá. Tudo nesse mundo tem uma razão de ser, quando ser e com quem ser. E naõ adianta teimar tem coisa que temos que aceitar como são. e Outras, muitas outras que ainda podemos mudar. Seu presente de aniversário foi nascer novamente!! Imagina quanta gente não adoraria poder ter essa chance! Beijos da sua Cu Giulia!
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